
Realizado por meio da Lei Rouanet, no período de 2007 a 2009 o Letras de Luz foi de um projeto de incentivo à leitura realizado pela Fundação Vitor Civita com patrocínio da EDP - Energias do Brasil, com apoio institucional da lei Rouanet de incentivo à cultura. A proposta foi voltada para alunos da rede pública do ensino fundamental de 40 municípios de São Paulo, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Tocantins, com ações que focam a capacitação de atores e a leitura como instrumento de fomento à educação, cultura e cidadania por meio da realização de apresentações teatrais com obras de grandes autores brasileiros.
Em 2009 o GTI – Grupo Teatro do Imprevisto participou como núcleo teatral atuante em três cidades satélite (SJCampos, Jacareí e Caçapava) na região do Vale do Paraíba – SP. O grupo realizou a montagem dos espetáculos “A Quase Morte de Zé Malandro”, “A Curiosidade Premiada”, “Raça Pura” e “Um Homem Célebre”, circulando por diversas escolas totalizando cerca de 20 apresentações, alcançando cerca de 6 mil alunos. Confira abaixo o repertório de montagens.
A Quase Morte de Zé Malandro
Do escritor, pesquisador na área de cultura popular Ricardo Azevedo, “A quase morte de Zé Malandro” conta a história de um jovem que um dia ganha o dom de ser invencível no baralho, uma figueira que quem sobe nela só desce com seu consentimento, e um banco e um saco de pano que quem se sentar ou entrar nele só sai também com seu consentimento. E com isso engana a Morte e o próprio Diabo. Mas quando chega a hora de entregar a rapadura as coisas não saem do jeito que ele planejou. A concepção cênica transitou pelo teatro mambembe e popular, com o uso do palco arena, música, percussão ao vivo e o teatro de animação, utilizando dois mamulengos. Essas características dinamizaram bastante o trabalho, tornando os recursos cênicos próximos do ambiente escolar,
Posteriormente este trabalho originou a montagem “Zé Malandro”, espetáculo de repertório.
A Curiosidade Premiada
Espetáculo criado com livre adaptação do livro “A Curiosidade Premiada” de Fernanda Lopes de Almeida. Conta a história de Glorinha, uma menina curiosa que pergunta sobre tudo, incomoda todo mundo. Mas logo todos percebem que este é um bom jeito de descobrir o mundo a sua volta.
Por tratar-se de uma história infantil direcionada para crianças a partir de 4 e 5 anos, o livro traz muitos elementos visuais e pouca utilização do texto na descrição de cenas e diálogos. O processo de adaptação optou pelo teatro musicado, no qual a história teve diversas cenas musicadas. Neste trabalho o grupo optou por utilizar um boneco em cena, a fim de criar uma referência mais próxima da criança curiosa. O trabalho foi bastante aclamado pelas escolas e deu início a pesquisa do boneco enquanto linguagem teatral para o grupo.
Raça Pura
Escrito por Heloisa Pietro - “Raça Pura” se passa no período da Segunda Guerra Mundial, tendo como mote a história de Luis e Rogério. Garotos de classe sociais diferentes que precisam enfrentar as diferenças sociais e econômicas. Luis é da turma do Barracão, filho da costureira Leonor, repleto de amigos, entre eles, o índio Kairi. Rogério é da turma da Ilha, neto de Barão, vive isolado por não aceitar Luis e seus amigos. O texto fala do bullying, temática debatida no espetáculo e nas rodas de bate-papo com os alunos. Além da mensagem de incentivo à leitura, este conto em particular prestou o trabalho social trazendo um pouco mais de conscientização aos alunos e professores.
Um Homem Célebre
Um dos dezesseis contos de Machado de Assis que faz parte da obra Várias Histórias, publicada em 1896. Como sempre, Machado vai nos apresentar o conflito interior vivenciado pelo personagem Pestana, que queria muito ser uma celebridade de música clássica.
O conto narra a história de Pestana, um homem de sucesso, conhecido pela população por ser compositor de músicas dançantes de ritmos ligeiros cujo estilo é chamado de polca, pois tem origem polonesa. Apesar do sucesso e do reconhecimento público, que odeia, o personagem vive a frustração de não conseguir compor músicas antigas no estilo dos grandes artistas clássicos. Ao longo do conto Pestana torna-se obsessivo para conseguir realizar o sonho de reconhecimento, o texto também propõe uma reflexão sobre a quebra de padrões e o que pode ser considerado arte erudita e popular.
No processo de adaptação e dramatização do conto, o elenco optou por “olhar” que transitasse todos esses temas e subtemas no terreno do absurdo, com a utilização das figuras grotescas. A partir disso, o espetáculo foi criado na linguagem do Bufão, como uma troupe de contadores de história. Esta opção se deu pela quebra que o “Bufão” propõe, transitando pelo universo do sacro e profano, do realismo e do absurdo.
Os Bufões eram figuras medievais excluídas da sociedade pelas suas deformidades no corpo e de ordem psíquica. Atualmente o Bufão contemporâneo seria o homossexual, os portadores de necessidades especiais, os mendigos, as prostitutas, entre outras figuras excluídas de nossa sociedade.
Ficha Técnica
Elenco: Flávia D’ávila, Marzia Gatto, Lucas Lima, Mateus Rosa, Leo Silva e Ricardo Verissimo
Direção: Coletiva
Produção: Ricardo Salem
Letras de Luz



